Artigo: Um Sorriso Maqueado

Setembro 15, 2016
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Quem acompanhou, na última quarta-feira, a abertura dos Jogos Paraolímpicos do Rio não deve ter ficado indiferente à entrada das delegações de atletas com as mais diversas deficiências físicas no Estádio Olímpico. Na verdade é impossível ficar indiferente às histórias de superação desses magníficos atletas. Como ficar indiferente à história do nadador brasileiro Daniel Dias, o maior atleta paraolímpico brasileiro com a sua história de superação e milagre? Daniel Dias é membro da 3ª Igreja Presbiteriana de Bragança Paulista e baterista da igreja.
A história de Daniel é surpreendente, no entanto, a história que mais mexeu comigo nesses dias envolveu outra atleta, a belga de 37 anos, Marieke Vervoort, medalha de ouro nos 100m em 2012. Ela sofre de uma doença degenerativa na coluna vertebral e, numa entrevista, avisou que esta será a sua última paraolimpíada.
Na entrevista a um jornal Francês, a atleta fez uma declaração chocante, ela disse que após a competição ela entrará com um pedido de eutanásia – a morte assistida – ou seja, Marieke deseja colocar ponto final na vida.
Marieke afirmou que, diferente do que as pessoas imaginam, a sua doença a faz sofrer muito. Na entrevista ao jornal francês ela declarou: “Todo mundo me vê sorrindo com minha medalha de ouro, mas ninguém vê o lado escuro. Sofro muito e, às vezes, durmo apenas 10 minutos por noite. O Rio é o meu ultimo desejo”.
Alguns detalhes chamaram a minha atenção na entrevista de Marieke, primeiro, ela me chocou ao dizer que está desistindo da vida; segundo, ela me chocou ao viajar para o Rio e competir na Paraolimpíada quando já desistiu da vida; terceiro, ela me chocou com a sua capacidade de mascarar a dor e aparecer diante das câmeras fotográficas com um sorriso no rosto como se tudo estivesse bem.
Marieke se parece com muita gente que anda ao nosso redor. Gente que usa máscaras para disfarçar a dor passando a impressão de que é feliz, de que tem um bom casamento e de que não sofre as angústias típicas dos simples mortais, quando na verdade, sua vida não passa de uma encenação.
Meu querido, cuidado com a hipocrisia, não ande por aí com um sorriso falso. No entanto, não se engane, não estou sugerindo que você ande emburrada por aí, com a cara amarrada, com amargura na alma, muito pelo contrário.
Não sei o que você tem experimentado nos últimos tempos, mas sei que, desistir da vida não é a melhor solução, muito menos manter um sorriso falso para que ninguém perceba a sua dor e limitações. Acredito que, por mais dolorida que seja a vida, por maiores que sejam as suas limitações, você pode encontrar conforto e esperança no Senhor, o Deus que mudou a história do nosso nadador Daniel Dias.
 Pr. Calvino Rocha

Ler 12419 vezes Última modificação em Segunda, 02 Março 2020 20:20